17 de dez. de 2010

Sua Ceia de Natal é o seu Presépio??

Fartura, variedade, abundância. As ceias ajudam a elevar o ânimo, a criar um clima de renovação, como se o banquete comemorasse conquistas futuras.

Natal e fim de ano são festas que antecedem mudança. Para pessoas como eu, apegadas a ideais de estabilidade e segurança, é um tapa na cara
e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Meu mundo é extremamente simbólico. Com essa revelação chego finalmente ao ponto: em fevereiro completo 4 anos sem comer carne.

Devo esclarecer que a carne para mim era a base de qualquer prato. E em quantidade, por favor. Em um fim de semana comum, minha mãe comprava dois frangos assados. Um para a família, outro para mim. Pode perguntar...

O final de ano é uma festa da carne. Estou certa de que a maioria das pessoas nunca se permitiu pensar sobre ela. Sobre sua origem, seus processos de produção, sobre seu impacto ambiental . O fato é que, na minha paixão por carne, havia um conflito interno - que tratei de suprimir por vinte e poucos anos. Sei que outras pessoas vivem esse conflito. Muitas já me disseram: "não quero saber, não me conte nada sobre isso" - o que nada mais é que: "eu sei que não devia, mas quero meu bife".

O fim de ano é um bom momento para refletir. Para as pessoas que gostam de animais, que como eu acham que há algo muito mais profundo sobre eles - coisas que ainda não compreendemos - pense mais um pouco, se informe. Temos condições de fazer escolhas baseadas na saúde, na ética e em muitos outros princípios elementares que deveriam guiar os caminhos do animal homem sobre a Terra.

Se você acha que os animais, como a Bíblia diz (:P), foram criados para nos servir, e não se importa de olhar um pedaço de carne como ele é - um bicho morto -, ao menos reflita sobre a forma cruel e bárbara através da qual essa carne chega a seu prato.

Neste fim de ano vou comemorar o fato de ter sobrevivido aos momentos mais tristes da minha vida, ao sentimento de perda irreparável e irreversível causado por mudanças bruscas e excruciantes. Me guio pelo sentimento de que pessoas que não gostam de sentir dor não geram dor. E de que algumas mudanças, por mais difíceis que sejam, devem acontecer como parte de um processo de evolução pessoal. Raramente estas mudanças são fáceis. Mas essas sim devem ser comemoradas.

Vou comemorar minha saúde, minha consciência, meu desejo de um mundo menos cruel, utilitarista e frio em relação aos seres vivos. Você vai comemorar o quê?



4 comentários:

  1. "Se você acha que os animais, como a Bíblia diz (:P), foram criados para nos servir, e não se importa de olhar um pedaço de carne como ele é - um bicho morto -, ao menos reflita sobre a forma cruel e bárbara através da qual essa carne chega a seu prato."

    Você está enganada. Os animais, tais como o homem, foram criados pela vontade e o amor de Deus. Ao Homem foi dada a incumbência de guardar e conservar a Criação terrestre. Ao tão excelso posto de jardineiro de Deus no Éden o homem perdeu com o pecado original, mas nem por isso a obrigação primordial que nos foi dada se acaba. Os animais podem ser domesticados e servir-nos como alimento, mas não podem ter suas vidas desperdiçadas,pois isso atenta contra a mesma, bem como contra a dignidade humana.

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  2. E como encontrar "dignidade humana" na produção industrial de carne? Como reuniões/ocasiões/ritos religiosos podem ser desfrutados por seus participantes ignorando a "coisificação" de outras criaturas?

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  3. 1) Não há desperdício de vidas animais na produção industrial de carne, pois ela existe devido à demanda por este alimento. Você já pensou em quante gente se têm de alimentar?

    2)Sinceramente, não sei de que coisificação você fala. No rito religioso que melhor conheço a única carne e sangue sacrificados são os do próprio Cristo, não a de nenhum animal. Acho que você está incorrendo no erro de equivaler a vida humana à dos animais.

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  4. Fábio, respeito sua opinião e fico feliz de você voltar ao blog.

    Eu não como carne há 4 anos, faço exames periodicamente e minha saúde é ótima. Logo, sei que nós, seres humanos, não precisaríamos depender tão intensamente do consumo de carne, como acontece.

    Você sabia que um percentual incrível dos grãos produzidos no mundo são consumidos pelas criações de animais? E que a carne destes animais, além de ser mais cara e poluente que os grãos, vai para os países mais ricos? É com estes e MUITOS argumentos que eu poderia responderia ao seu primeiro ponto.

    Sobre a segunda colocação, você me pegou de jeito... Eu realmente valorizo a vida dos animais mais do que o "ser humano padrão" costuma, por assim dizer... I really like them! :P Meus amigos até brincam que, se algum deles e minha cachorra estiverem afogando, eu salavria a cachorra sem nem pestanejar. Não posso desmeti-los herere...

    Gostaria de indicar para você um documentário que é até nacional. O nome é "A carne é fraca". É facilmente encontrado no Youtube. Ele traz muitas das ideias e informações sobre a produção e o consumo da carne no mundo, e sobre como comer um bife não é uma atividade "justa", "ética" ou mesmo sustentável hoje em dia. Os tempos mudaram, e a produção industrial da carne transformou os animais em objetos, em coisas mesmo (e daí o que disse, coisificação).
    As condições em que estes animais são criados e abatidos é chocante.

    Então aí vai o desafio. Se te interessar, dá uma olhadinha no documentário. Se ao final dele você ao menos concordar que "há algo de podre no reino da Dinamarca", eu já me dou por satisfeita :D

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